e aprecie.

domingo, 10 de janeiro de 2010

CONTAREI-LHES UMA HISTÓRIA (2)

Continuation.

Entrou.
Já havia visto aquele lugar inúmeras vezes, porém não daquele jeito. A falta de luz engolia todas as mesas, balcões, cadeiras e quadros insignificantes que cobriam as paredes, e agora estavam como invisíveis, assim como o próprio sujeito. O único objeto que ele via com perfeita clareza era a arma prateada que agora segurava com as duas mãos, com força, apontando para frente, atento a qualquer movimento.
Andou em passos largos e sábios em direção ao elevador, que se encontrava na parede ao lado do balcão da recepção. Não conseguia vê-lo, entretanto sabia que parte do ambiente ele ocupava. Conhecia cada centímetro do lugar mesmo na ausência total de luz, pois estudara demasiadamente o caminho que haveria de percorrer para concluir seus objetivos daquela madrugada. Ao chegar no elevador e ver que este se encontrava no mesmo andar em que estava, suspirou com alívio, abriu a porta e entrou, fechando-a logo em seguida.
De repente, o sujeito parou. O silêncio só era quebrado devido às longas e roucas respirações ofegantes que o homem soltava, de olhos arregalados. Olhou para frente, estupefato, vendo uma figura que não lhe era estranha. Esta figura lhe apontava uma arma, idêntica a sua, para seu peito, e também ofegava. Ela tinha um aspecto assustador, e o sujeito observou que ela derretia em suor de um jeito quase arrepiante, quase como se acabasse de cometer um assassinato. “Um verme”, pensou o sujeito enquanto se aproximava daquele espelho que lhe havia tomado tanto tempo. Acenou para seu próprio reflexo sorrindo de desgosto, e tentou retomar o foco na missão, porém não teve êxito algum. Ainda parado, o sujeito limpou o suor do rosto e dos olhos, e respirou o mais fundo que pode. Notou que seu reflexo se tornava cada vez mais deformado, como se estivesse zombando de si, e percebeu que sua visão havia enegrecido. Uma sensação esquisita lhe tomou conta, algo que parecia confundi-lo naquele momento de quase desespero, e que lhe fez derrubar a arma no chão do elevador. Cego, o sujeito apalpou os botões que repousavam ao seu lado, e pressionou com força o que o levaria ao último andar. Em questão de segundos, a porta cinza se abriria, e um grande facho de luz o tornaria apto a retomar a consciência e continuar.

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