e aprecie.

sábado, 31 de julho de 2010

A Janela

A luz se apagou de repente, e tudo ficou mais claro. Só podiam ser umas 2 horas da manhã, mas era indefinível, já que através do vidro da janela só se podia ver algumas estrelas. Nem sequer a lua dava as caras naquela noite, o que era uma pena: Eu adoraria vê-la nos assistindo durante a noite inteira, eu não desgrudaria os olhos dela. Engraçado como eu sentia uma vontade imensa de ser observada. Me estremeci de prazer só de pensar.

Nem lembro mais como fui parar ali, mas, Deus, como eu sentia falta daquilo. Era estonteante. Só pensava em sentir a onda de prazer que me dominava a cada mordida que eu levava no pescoço, a cada vez que eu mordia algo, no escuro, que pouco me importava o que fosse, só queria morder. Com audácia, queria ser audaciosa. Estava livre para me contorcer do jeito que quisesse, do jeito mais gostoso que fosse, o que meu corpo precisasse. Estava envolvida num ritmo perfeito, e cada vez mais com água na boca.

Ele, pelo que eu lembro, era um homem loiro, alto, e lindo. Tinha olhos claros, só não lembro mais se eram verdes ou azuis. Me tratava como um animal, sendo ele próprio o animal mais forte, que comanda. E eu, graças a deus, era a comandada, a escrava, a prostituta vagabunda e gostosa, que geme sem parar.

Abria minhas pernas, apenas seguindo meu instinto e esfregava o que pudesse no corpo dele. Agora ele estava ajoelhado, me fazendo, do melhor jeito possível, ir à loucura, à insanidade. Eu arranhava a parede com toda a minha força, e me agarrava a tudo o que fosse possível. Me molhava inteira, e sempre gemendo. Quase gritava às vezes. Com os dentes cerrados, urrava e mordia a minha própria língua, qualquer dor era apenas mais uma opção.

Não tinha noção de mais nada, só a de que era preciso continuar. Continuar até ser explorada até a última gota, continuar até ficar com o corpo mole e desabar aonde quer que fosse, continuar até cansar de virar os olhos. Essa hora iria chegar, mas agora não importava quando.

No meio do ato, num ímpeto indiferente, levantei a cabeça. Foi quando, sem querer, eu olhei pela segunda vez na noite para a janela e vi o que me fez sorrir, o que fez valer realmente aquela prazerosa noite. Me observando esse tempo todo, sem qualquer tipo de pudor, se encontrava a lua majestosa, rainha da noite, se impondo no céu negro, envolvida pelas nuvens. Eu sabia que ela não perderia aquilo, eu tinha essa certeza. Ela parecia estar adorando. E agora eu também.

A noite apenas havia começado, e eu me empenharia ainda mais. Agora ela me assistiria, me veria atuar até o fim, e se surpreenderia em ver como uma simples mulher como eu pode, na noite escura, brilhar tanto quanto ela.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Prazer é seu.

Olá. Faço-me ás vezes de desconhecido para você, mas na verdade, você me conhece mais do que eu mesmo. Se alguém jamais achou que poderia fugir de mim, pois bem, é certo que bem no final teve sua resposta, que para sua infelicidade, foi decepcionante. Te sigo desde que você nasceu, pois também nasci junto de ti, na mesma hora, no mesmo lugar. Inclusive vivo dentro de você, se quer saber, ou seja, sei de todos os mínimos detalhes sobre o que se passa no seu complicado cérebro, na sua bagunçada mente, no seu organizado organismo. Meu nome é o seu, meu corpo é o nosso. Sou você cada vez mais velho, mas sempre novo, e nunca desgastante. Acontece de vez em nunca de eu desaparecer por completo da sua cabeça, e você tem a certeza de que jamais irá de me ver de novo, ou sequer me sentir, mas pouco a pouco, sorrateiramente, eu volto quando menos se espera, como um rato sujo que volta a uma casa depois de anos, quando não conseguiram lhe matar. E é aí que o tormento começa, pois é nessa hora que eu perturbo, sem ao menos ter a mínima das intenções de fazer isso. E você passa a me odiar. Quando essa hora maldita chega, você simplesmente larga tudo para o alto, e me chama por um nome curioso, que é falta de razão.