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sábado, 7 de agosto de 2010

Duas almas perdidas nadando num aquário

Ela só via o branco gélido que pairava envolvendo sua cabeça a uma distância aparentemente infinita do final daquele universo abstrato. Todos seus sentidos estavam mortos, e não havia mais reação de sua parte para com sua mente, que repousava tranqüila, quase como se tivesse sido sedada com um veneno forte, que causava alucinações confortantes, mas, na realidade, originava um mal terrível. Ela podia enxergar pequenas coisas que se moviam, andavam, pulavam, mas nunca podia ver o que eram, pois estavam muito longe. Na verdade, às vezes tudo se tornava tão nítido a ela, que era claro tudo o que absorvia, tinha certeza absoluta das coisas que apareciam em sua frente, mas logo depois descobria que era apenas um engano, uma armadilha de sua mente, e não podia ter certeza de mais nada. A sensação era de conforto, mas era bagunçado. Se sentia enjoada de vez em quando, e quanto mais o tempo passava, mais vinha à tona diferentes sentimentos e vontades.

Era tarde demais para conseguir sequer se livrar e desistir, mas não a impediu de tentar. Foi para a cama, deitou-se sem tirar a roupa que vestia – uma calça jeans, uma camiseta larga, uma jaqueta com capuz e um tênis branco comum. Cobriu-se com o cobertor que havia derrubado no chão na noite anterior, e que permanecera lá até o momento. Repousou sua cabeça nas almofadas e ajeitou-a numa posição confortável. Tão logo fechou os olhos, dormiu.