Denigra-se!
e aprecie.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
outro rascunho
rascunho perdido
domingo, 19 de setembro de 2010
cont .2
- Agora o que me resta fazer é esperar... Como eu estava antes, vou tentar voltar a meditar. É que eu me exaltei um pouco, sem motivo. Aliás, isso acontece com o ser humano, é completamente normal. Vou simplesmente voltar a me sentar no sofá, colocar algo no rádio e fechar os olhos, para pensar em nada. Se causos assim acontecessem freqüentemente, assim, toda semana, ou até mesmo diariamente, aposto que a humanidade seria melhor. Pois é como eu aprendi, é com erros que se aprende realmente. É assim que o ser humano é: só dá falta de uma coisa quando a perde. E eu também sou humana. Eu tenho esse direito.
- Mas que falta de sorte é essa que me acompanha, puxa vida. Será que vai ser assim para sempre? Por favor, que não seja. Terei que ser muito forte para agüentar tal sina. Temo que eu não consiga. Como se já não bastasse aquele infortúnio com a joalheria, no qual me acusaram de roubo quando eu não havia roubado absolutamente nada. Não consigo me concentrar, meu Deus. Aliás, nunca consigo concentrar-me. E é por essa razão que todas essas coisas sem motivo acontecem, pela minha falta de sagacidade. Mas eu estou trabalhando nisso, todos os dias, e eu prometo que isso vai acabar. É tão certo. Estou realmente cansada, já não falo mais coisa com coisa. Me sinto só o bagaço. Quero dormir.
Depoimento
- Se alguém jamais se importou tanto com um desconhecido que chora e pede esmola, se arrasta por pouca comida, e nem sequer se veste decentemente, esse alguém fui eu. Se me perguntarem se me arrependo, eu respondo simplesmente que não foi culpa minha. Mas não foi mesmo, contrario o que a maioria imagina. O fato é que ninguém realmente estava lá para presentear a cena de horror - estilo Tarantino - que aconteceu naquela tarde. Tanto ninguém estava lá, que, em decorrência a esse infeliz fato, a pobre garotinha agora deve estar se culpando, coitada, aos prantos em algum canto do mundo, se levando a depressão por conta própria. É algo comum das crianças, essa autoflagelação. Isso porque elas não pensam antes de agir, as pestes, e só percebem que seus atos tomaram proporções absurdas depois que a catástrofe já aconteceu. Aí então se recolhem, sem se desculpar a ninguém, fingem que não estiveram no ato, e tentam esquecer. Mas não acontece. Esse negócio de esquecer não acontece tão cedo. Para isso, não importa a idade, todos nós sabemos: Está lá escondidinho, debaixo de um tapete em nossas lembranças, mas está lá vivinho. E quando menos se espera aquilo domina toda a face e o corpo junto, e fica aparente pra todos. É essa a hora da vingança, doce vingança.
sábado, 7 de agosto de 2010
Duas almas perdidas nadando num aquário
Era tarde demais para conseguir sequer se livrar e desistir, mas não a impediu de tentar. Foi para a cama, deitou-se sem tirar a roupa que vestia – uma calça jeans, uma camiseta larga, uma jaqueta com capuz e um tênis branco comum. Cobriu-se com o cobertor que havia derrubado no chão na noite anterior, e que permanecera lá até o momento. Repousou sua cabeça nas almofadas e ajeitou-a numa posição confortável. Tão logo fechou os olhos, dormiu.
sábado, 31 de julho de 2010
A Janela
A luz se apagou de repente, e tudo ficou mais claro. Só podiam ser umas 2 horas da manhã, mas era indefinível, já que através do vidro da janela só se podia ver algumas estrelas. Nem sequer a lua dava as caras naquela noite, o que era uma pena: Eu adoraria vê-la nos assistindo durante a noite inteira, eu não desgrudaria os olhos dela. Engraçado como eu sentia uma vontade imensa de ser observada. Me estremeci de prazer só de pensar.
Nem lembro mais como fui parar ali, mas, Deus, como eu sentia falta daquilo. Era estonteante. Só pensava em sentir a onda de prazer que me dominava a cada mordida que eu levava no pescoço, a cada vez que eu mordia algo, no escuro, que pouco me importava o que fosse, só queria morder. Com audácia, queria ser audaciosa. Estava livre para me contorcer do jeito que quisesse, do jeito mais gostoso que fosse, o que meu corpo precisasse. Estava envolvida num ritmo perfeito, e cada vez mais com água na boca.
Ele, pelo que eu lembro, era um homem loiro, alto, e lindo. Tinha olhos claros, só não lembro mais se eram verdes ou azuis. Me tratava como um animal, sendo ele próprio o animal mais forte, que comanda. E eu, graças a deus, era a comandada, a escrava, a prostituta vagabunda e gostosa, que geme sem parar.
Abria minhas pernas, apenas seguindo meu instinto e esfregava o que pudesse no corpo dele. Agora ele estava ajoelhado, me fazendo, do melhor jeito possível, ir à loucura, à insanidade. Eu arranhava a parede com toda a minha força, e me agarrava a tudo o que fosse possível. Me molhava inteira, e sempre gemendo. Quase gritava às vezes. Com os dentes cerrados, urrava e mordia a minha própria língua, qualquer dor era apenas mais uma opção.
Não tinha noção de mais nada, só a de que era preciso continuar. Continuar até ser explorada até a última gota, continuar até ficar com o corpo mole e desabar aonde quer que fosse, continuar até cansar de virar os olhos. Essa hora iria chegar, mas agora não importava quando.
No meio do ato, num ímpeto indiferente, levantei a cabeça. Foi quando, sem querer, eu olhei pela segunda vez na noite para a janela e vi o que me fez sorrir, o que fez valer realmente aquela prazerosa noite. Me observando esse tempo todo, sem qualquer tipo de pudor, se encontrava a lua majestosa, rainha da noite, se impondo no céu negro, envolvida pelas nuvens. Eu sabia que ela não perderia aquilo, eu tinha essa certeza. Ela parecia estar adorando. E agora eu também.
A noite apenas havia começado, e eu me empenharia ainda mais. Agora ela me assistiria, me veria atuar até o fim, e se surpreenderia em ver como uma simples mulher como eu pode, na noite escura, brilhar tanto quanto ela.