e aprecie.
sábado, 10 de abril de 2010
RANDOM
Desgostosos gostos invadem meu paladar quando o olho mais cansado de se inutilizar resolve tornar-se apto a acordar a minha consciência que se recluía num canto qualquer da noite. Aprecio todos eles com mera vontade, mesclando-o ao volúvel ímpeto de se levantar finalmente da cama.
Feliz estou ao saber que consigo, mesmo sendo um tolo, continuar escrevendo e expelindo meus sentimentos na forma de textos ainda estruturados, quando pensei que minhas atitudes suicidas do bem haviam me bloqueado.
beijoquinahs
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Fecharei-os então.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
CONTAREI-LHES UMA HISTÓRIA (3)
De dentro da sala emergiam gemidos quase gritados, de alguém que se enchia de euforia prazerosa, do tipo levemente insuportável, e o sujeito sorriu indiferente, pensando no quão fácil seria nessas circunstâncias. Com uma discrição impecável entrou na sala, e não foi percebido. A sala era imensa, suas paredes cobertas por quadros e estantes, todas levemente avermelhadas, contrastando com o carpete verde onde pisava sem emitir som algum. O teto, também esverdeado, era reinado pelo imenso lustre que clareava a sala, e que fazia a arma prateada reluzir como anteriormente. Bem no meio, um espetáculo acontecia, e o sujeito observava com interesse: Uma bela prostituta, tão ruiva quanto fogo, apoiava suas mãos na mesa redonda central, gemendo incansavelmente enquanto seu corpo era violado por trás, por debaixo do vestido vermelho curto que estava levantado, seus cabelos longos e cacheados balançando num ritmo incessante. Suas coxas, as mais belas, eram agarradas com força pelas mãos brancas do homem demente que a comia sem escrúpulos, e que constantemente empunhava a garrafa de uísque Red Label da mesa, dava longas goladas, e derramava na prostituta. Este homem vestia uma camisa social branca, e suas calças estavam abaixadas, revelando pernas brancas e fortes. Seu nome era Conrado, e estava de costas para o sujeito que viera ao seu encontro, tragando seu cigarro, e lhe mirando na cabeça.
De repente, algo parecido com o silêncio invadiu a sala, e a ruiva se virou. Ela mantinha os olhos fechados, e ofegava com uma expressão de cansaço, enquanto ajoelhava-se para o próximo ato. Seu rosto era perfeitamente belo, usava um batom vermelho que estava manchado para os lados, seus cílios eram elegantemente compridos, e tinha pele lisa. Conrado, que bebia o uísque com voracidade, não demorou em voltar sua atenção a ela, agarrando seus cabelos vermelhos que estavam agora na altura de sua cintura. A prostituta umedeceu os lábios demoradamente com sua língua, engoliu saliva, e abriu seus magníficos olhos, que se revelaram verdes-esmeralda. Notou que algo reluzia, algo atrás de seu parceiro. A última coisa que viu foi o brilho intenso e prateado da bala que se encaixou simetricamente entre seus olhos, e que fez sua cabeça ser jogada para trás, imortalizando a máscara de horror na qual seu rosto havia se transformado antes de morrer. O que Conrado puxou para si foi apenas a cabeça de um defunto jorrando sangue, sangue estupidamente vermelho. E então o sujeito disse algo pela primeira vez na noite.
“Conrado, seu porco”, murmurou sorrindo, “Será um grande prazer lotar sua cabeça com balas”.
domingo, 10 de janeiro de 2010
CONTAREI-LHES UMA HISTÓRIA (2)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
CONTAREI-LHES UMA HISTÓRIA
Realmente não espero que um canalha como você leia algo com mais de 140 caracteres. Entretanto, estou cagando e andando.
O sujeito já tinha a arma embaixo da blusa. Suava ridiculamente, considerando que já havia feito aquilo inúmeras vezes. Considerava-se um verme nessas horas, porém sorriu ao pensar na possibilidade de descarregar suas balas em um verme mais podre ainda. Acendeu seu último cigarro antes de partir, e só então notou como a noite lhe era propícia: não havia estrela alguma, e uma neblina mais do que densa o envolvia, da cabeça aos pés. O frio congelante lhe obrigou a esfregar suas mãos, uma contra outra, mais para aliviar a tensão do que o próprio frio. Relembrou pela vigésima vez todo o complexo plano que lhe traria o sucesso na missão, que basicamente era ‘entrar, atirar, correr’. Ergueu a blusa, e teve um certo alívio ao ver que a automática ainda estava lá, aquela que iria lhe acompanhar durante toda a tarefa, e depois ia ser abandonada em um canto qualquer.
Colocou as luvas negras e jogou o cigarro fora, depois de dar uma longa tragada. Olhava no relógio constantemente, como se tudo dependesse dos segundos que se passavam, como se os milésimos fossem decidir como acabaria aquela noite. O sujeito decidiu que já estava na hora de partir, então partiu.
Seu destino era a quatro quarteirões de onde estava, e como sempre, chegou rápido demais. Não havia ninguém nas ruas quando olhou o prédio onde haveria de entrar e sair como um raio. Parou e leu a fachada: “Conrado Lustres”, e sorriu um pouco. Imaginou como seria esse porco com nome de Conrado, como seria seu rosto. Não demoraria a descobrir, e desejou que fosse tão rapidamente que o esqueceria com facilidade.
Confirmou que não havia realmente ninguém na rua quando olhou para os dois lados novamente, e então, pegou a pistola, e se preparou para entrar. Tirou um molho de chaves de um dos seus bolsos, foi tentando abrir a porta de vidro avermelhado, uma chave por vez. Conseguiu na última tentativa. Nesse momento disse a si mesmo que teria que fazer silêncio absoluto a partir dali.